Gravadora: Atração/Oitavo Anjo Produções
Data de Lançamento: 2 de setembro de 2016

Três anos após sair da prisão, o rapper Dexter finalmente lançou um álbum que promete desde 2014.

Flor de Lótus, como era de se esperar, é um trabalho em que o rapper abraça o mundo. Ele “retrata o final do exílio e o começo da liberdade”, como ele mesmo disse em um live de sua página no Facebook.

Houve um cuidado meticuloso de diversos produtores que trabalharam com ele. Nomes como DJ Caique, Duck Jam e Lakers e Pá ajudaram a compreender o clima das canções, que contam com dezenas de participações.

O álbum começa com um áudio de Dexter de maio de 2007, com um pagodão ao fundo do grupo Katinguelê, que participa efetivamente da faixa seguinte, “Liberdade Sonhada”. Dexter optou pelo samba para evocar a celebração da liberdade, como se fosse uma festa aguardadíssima. Sua entrada é triunfal, numa ponte para um som grave que enaltece a voz do rapper.

Dexter criou uma linha do tempo para conectar as 14 faixas do disco. Primeiramente, começa com a festa pela liberdade; depois, vem o agradecimento (de “Eu Amo Você”, dedicada à mãe), o arrependimento de ter cometido o crime que lhe deixou 13 anos atrás das grades (“Me Perdoa”, com Péricles) e a continuidade da caminhada (“Como Vai Seu Mundo”, com Gilson).

Dexter no Sesc Pompeia: Liberdade de palco, liberdade pra chamar quem quiser

No meio do disco, Dexter faz menção ao juiz que lhe concedeu antecipação da liberdade, o Dr. Jayme, em “Abril de 2011”. Jayme o convidou para um projeto de palestras em Guarulhos. “Ele teve a sensibilidade de analisar todo o meu processo e deferiu meu pedido de liberdade condicional”, conta Dexter.

Na segunda parte, Edi Rock fecha parceria de vigor em “Tô de Volta”, exaltando o merecimento de sua liberdade e estabelecendo o ponto de partida para um novo recomeço: ‘Levantamos esse castelo irmão, bloco por bloco’, assente o rapper dos Racionais.

A participação de Gregory em “Não Vejo Nada” coloca um contraponto, como se tivesse fazendo um teste com Dexter. Já com a experiência de ter ficado preso, Dexter redireciona os interesses. Antes de qualquer prerrogativa comercial, ele preza pela família e pelas pessoas próximas.

“Malandro Demais” é outra das canções direcionadas aos mal-intencionados. Com sampler de “Poema Rítmico do Malandro”, clássico de Sônia Santos, Dexter narra como a subversão de valores para se ter aquilo que quer pode se tornar uma arapuca. Ele cita versos da Bíblia num beat que moderniza o escopo sonoro de grupos como Z’Africa Brasil e do trabalho solo de Marcelo D2: ‘Meu pedigree genealógico é nata da rua’, responde o rapper, diante dos espertinhos de plantão.

De todas as parcerias a mais surpreendente é a de Ed Motta. Na faixa de encerramento, “Essa é Pra Você”, a soul-music mais uma vez domina o clima musical. É uma canção dedicada aos fãs e ouvintes de seu trabalho. O agradecimento definitivo de uma obra que só está (re)começando.

Outros lançamentos relevantes:

Angel Olsen: MY WOMAN (JagJaguwar)
King Creosote: Astronaut Meets Appleman (Domino)
Prophets of Rage: The Party’s Over EP (Independente)
The Frightnrs: Nothing More to Say (Daptone)

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