Gravadora: Independente
Data de Lançamento: 3 de setembro de 2015
Onze anos separam Babylon By Gus Vol. 1: O Ano do Macaco (2004) de Babylon By Gus Vol. 2: No Princípio Era o Verbo (2015), e muitas dificuldades permearam a carreira de Black Alien nesse período. Da morte do parceiro Speed a um período difícil de reabilitação de drogas (“consegui me livrar de tudo, menos do tabaco”, disse ao jornal Extra), o rapper passou pela paternidade e por dificuldades financeiras, mas, mesmo assim, não passou por cima de suas ideologias: não participou do retorno do Planet Hemp, por volta de 2012, que rendeu uma turnê bem lucrativa. “Não quero meu nome associado a isso”, disse na época.
A palavra de ordem em Babylon By Gus Vol 2, antes mesmo de começar a ouvir, é superação. “Este disco serviu para me dizer que eu consigo e que nada é impossível. Que superar a mim mesmo é prioridade, e ter humildade para pedir ajuda é fundamental”.
Aos 42 anos, Black Alien quer se mostrar bem, como se tivesse firme e forte apesar das adversidades
Previamente pensado para 2012, o projeto adiou por complicações (naquela época, inclusive, ele tinha lançado o single “Para Quem a Carapuça Caiba”), até que no ano passado surgiu uma campanha de crowdfunding, pedindo verba para pagá-lo. De primeira, Gustavo Black Alien não conseguiu – mas, também, não desistiu. Pediu R$ 40 mil em dezembro de 2014, ativando o recurso ‘segunda chance’, até que, com 652 financiadores, ultrapassou a meta ao arrecadar R$ 46.732,00.
Agora, finalmente o músico de Niterói põe o disco nas ruas.
Em Babylon By Gus Vol 2, Black Alien retoma a bem-sucedida parceria com o produtor Alexandre Basa. Em “Rolo Compressor”, segue uma produção que lembra o rap da Costa Leste, mencionando o clássico “Bring the Pain”, de Method Man (que lançou um ótimo disco recentemente).
Os backing vocals de “Terra” o aproximam da linguagem universalizada adotada por Emicida desde O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui (2013). A participação de Céu em “Somos o Mundo”, por outro lado, remete ao estilo ‘amor do gueto’ de “Como Eu Te Quero”, do primeiro disco.
Aos 42 anos, Black Alien quer se mostrar bem, como se tivesse firme e forte apesar das adversidades. Ao lado do rapper paulistano Edi Rock, diz vir do ‘espaço sideral’ em “Rock’ N’ Roll”, relembrando eventos como a Copa do Mundo de 1994 para justificar o fato de se manter relevante. “Skate no Pé” vê no esporte um sentido de pertencimento, ao lado de dois rappers que também fizeram carreira com essa ‘ciência avançada’: Kamau e Parteum.
“Falando do Meu Bem” mostra um bom humor natural, numa aprazível levada reggae. Surpreendendo muitos, Black Alien trouxe Luiz Melodia em uma das faixas que mais desenvolve a ‘bereta’ de suas rimas: ‘camarim é camarim, botequim é botequim’, diz, em “Quem é Você?”. A entrada do compositor da Estácio é marcante como a do experiente tiozinho que conhece o morro há décadas: ‘Rezar saúde, educação e plenitude/Rogar por boa juventude/E tatuar no peito a fé’, canta Melodia, como se tivesse numa procissão.
A síntese é simples, por isso, as palavras de Black Alien são adequadas para entender o álbum: “Minha essência continua a mesma”, diz. “A mesma, porém 11 anos depois. 2015 não é 2004, o mundo mudou e este que vos fala também, inclusive na maneira de ver o mundo”.
Outros lançamentos relevantes:
• BNegão & Seletores de Frequência: TransmutAção (Coqueiro Verde)
• Dâm-Funk: Invite the Light (Stones Throw)
• Prince: HITNRUN Phase One (NPG Records)
• Bemônio: Desgosto (Quintavant)
• Lizz Wright: Freedom & Surrender (Concord)
• Cécile McLorin Salvant: For One to Love (Mack Avenue)