Gravadora: Independente
Data de Lançamento: 8 de abril de 2013
Avaliação: 6/10
É só dar um rolê na periferia e em bairros distantes do centro (pelo menos de São Paulo). O que se vê é a alastrada presença do funk ‘ingênuo’ de MC Federado e os Leléks a ostentação famigerada de MC Catra – incluindo no meio do caminho trilhões de outros nomes que valem a pena dispensar.
As letras são uma porcaria e quem as escuta sabe disso. Porque o que vale é a diversão: beber, dançar e zoar com caixas no talo sem se incomodar com o rechaço alheio.
A presença de Karol Conká não é nenhuma grande surpresa. A rapper curitibana entregou Batuk Freak mirando mais o pop do que tudo. Um pop que abrange da periferia à classe média alta que gosta de rebolar em baladas cujas entradas ultrapassam os 100 paus.
A produção de Nave procura o exacerbado, talvez para agradar justamente quem gosta do poder do funk carioca de instigar muito mais pelos graves do que pelas composições.
Karol Conka: potência para as pistas
Batuk Freak é para ser escutado alto. Ao invés de whisky e red bull, a bebida aqui bem que poderia ser um refrigerante ou algo não-alcoólico que estenda a festa para crianças e adolescentes, já que as canções não são tão pesadas assim (“Corre, Corre Erê” pode passar tranquilamente pela censura familiar e ser cantada por uma criança acima de três anos).
“Gueto ao Luxo” é intencionalmente feita para ouvintes da periferia – principalmente feminino. A batida carnavalesca se entremeia a barulhos eletrônicos um tanto esquizofrênicos, altamente influenciado pelo trabalho de Diplo.
E, se Nave é Diplo, Conká mostra pretensão o suficiente para ser a nossa M.I.A., sem o panfletarismo e o discurso político da singalesa – que, por outro lado, não a detém escapar de composições fúteis como “Gandaia” e “Bate a Poeira”.
Na participação de Rincón Sapiência em “Sandália”, Karol Conká canta numa cortina dub mostrando que antigas influências no hip hop ainda podem jogar a favor de uma boa música.
Já “Mundo Loco”, que vem na sequência, evidencia uma abertura inevitável no gênero: a proximidade com o dubstep.
Como o próprio nome diz, Batuk Freak foi feito justamente para quem se empolga pelas batidas e não se importa tanto assim com o teor das composições.
Tem potencial para adentrar na subversiva trilha sonora periférica que diverte alguns e horroriza outros. Nesse contexto, o meio termo do primeiro disco de Karol Conká não poderia soar como elogio maior.
Errata:
• A primeira versão deste texto afirmou que Batuk Freak seria o álbum de estreia de Karol Conka – na verdade, a cantora tem um EP anterior, homônimo, de 2001