Gravadora: Independente
Data de Lançamento: 30 de abril de 2015
Download gratuito via site oficial
“#tapanapantera” traz aqueles riffs fortes de guitarra que tanto marcaram o disco Artista Igual Pedreiro (2008), mas poucos segundos bastam para que o ouvinte perceba um incômodo: a produção caseira prejudicou a amplificação do som.
De tão barulhenta, parece que estamos contemplando um trabalho do A Place to Bury Strangers – e isso não é algo bom, já que o que estes norte-americanos assimilam como uma proposta noisy no disco do Macaco Bong soa desconexo e inferior.
A síntese do Macaco Bong como grupo, agora, é determinante para a banda reerguer-se novamente e provar que é ainda melhor do que apresentou no primeiro disco
Não, o disco Macumba Afrocimética não merecia tratamento lo-fi. Os timbres que Bruno Kayapy buscam em sua guitarra lembram remotamente algo de Fred Frith, com uma levada estranha de surf-music. Quanto mais límpida essa musicalidade, melhor para que os ouvintes percebam sua riqueza. O resultado não é fruto da característica dos novos integrantes (Julito Cavalcanti na guitarra e no baixo, e Daniel Fumega na bateria), pois, anteriormente, a banda havia experimentado com lounge e rock psicodélico (principalmente em Verdão e Verdinho, de 2012). Desafiar a própria essência é algo que a banda já havia se imposto.
Justamente as canções menos interligadas ao trabalho anterior são as mais interessantes.
Rusgas da banda à parte, “Abramacabra” e “Banana Tretta” parecem limítrofes ao stoner-rock, o que até agrada o público já afeito ao som da banda. Mas o ar novidadeiro de “A F I R M A T I V O” – que sugere uma abertura, um passeio pelos drones do post-rock – o lounge-trip-hop-ambient da faixa-título e a interessante dinâmica rítmica de “Funk do Cuoco” são mais compatíveis com o frescor de renovação, capaz de manter a banda cuiabense no circuito relevante do rock atual.
A síntese do Macaco Bong como grupo, agora, é determinante para a banda reerguer-se novamente e provar que é ainda melhor do que apresentou no primeiro disco, que, méritos à parte, também se beneficiou da promoção do Fora do Eixo.
Macumba Afrocimética é uma nova direção, que merece os mesmos olhares (e merecia a mesma lapidação) do que a banda já usufruiu.